domingo, 14 de dezembro de 2008

Vazio

Tudo se esvai. Procuro nas ruas, um rosto, um sorriso, ou apenas um olhar amigo. Mas não encontro nada, senão um mundo trancado e frio.

Sigo estradas desertas, fugindo da solidão que me envolve, me dilacera, e me vejo indo ao encontro do silêncio, que grita em meu coração um vazio, deixado pelas lembranças de um amor que não mais existe. Amor suplicante, que me sufocava, gritando no silêncio de uma carícia, o abraço que nunca vinha.

Meu coração e minha alma, foram envolvidos pela tristeza de tantos desencontros, e o amor morreu no tédio.
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Como seria bom ter um colo para recostar e ser afagado, tal qual uma criança, sim, igual a uma criança, sentindo o calor de mãos me acariciando.

Agora, eu procuro em cada rosto um olhar amigo, em cada sorriso, minha alegria perdida, em cada abraço, a emoção de me sentir querido, em cada olhar, a ternura que sempre soube dar e não consegui receber.

Meu sorriso não mais existe, e meu olhar é frio. Procuro fugir de mim mesmo, me escondendo na solidão de uma praia deserta, mas desejando bem no fundo, que alguem venha me encontrar. Esse vazio me conduz a um amor unilateral, onde eu me contento em dizer que amo, mesmo sabendo que não sou amado.

Sobrevivo nesse amor só meu, colhendo migalhas de afeto, pois todo o amor do mundo eu dei, mas esse amor sucumbiu na indiferença, desintegrou-se na distância que sempre houve, e que eu fingia não ver, com medo de não ter mais nada a receber.

Agora, minhas noites são desertas, minha cama é gelada. As horas passam e o fantasma da solidão, vaga silencioso pela minha vida, me assombrando, me torturando. Minhas lágrimas silenciosas gritam apenas na minha alma, um vazio que me dilacera, me destrói.

No pequeno mundo solitário do meu carro, a minha vida e a minha morte se digladiam. Fujo da solidão acelerando forte, mas uma insuportável vontade de viver, freia meus impulsos, e então eu volto, e durmo, e acordo triste, pois sorrio e ninguém me beija, falo e ninguém responde. Então eu choro, e ainda assim ninguém me consola. E então, você aparece, e me envolve em seus braços, e afaga meus cabelos. Você, que nunca me abandonou. Você, solidão.


Altamiro G. Neto

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